Acabar com o pagamento de propina, prática existente de forma generalizada em todos os setores da sociedade brasileira, seria como debelar de vez o espírito da corrupção. Antigamente, no mundo corporativo das negociações, negociatas e acertos particulares, a propina era paga em moeda de diversas espécies. Era comum, o dito facilitador das transações comerciais ou políticas receber uma oferta “por fora”.
Normalmente paga e recebida em forma de “mimos”, como valores em dinheiro ou favores escusos com a finalidade de cooptar e seduzir pessoas corruptíveis. Variáveis, desde um jantar, um litro de Whisky, importado, claro! ou até mesmo um convite para uma confraternização “desinteressada”, regada a um bom cardápio à gosto do freguês.
Entretanto, ao longo do tempo a propina como objeto de corrupção foi evoluindo. Reza a sabedoria antiga que há muitas décadas o seu irmão mais novo, o “jeitinho brasileiro” resolveu entrar em cena e dividir os holofotes da fama e da fortuna com a irmã mais velha. Juntos, a dupla sedutora e irresistível despertaria num relance, a ganância, a cobiça e a inveja de muitos. Conseguiriam facilmente subjugar inclusive homens livres e de bons costumes. tidos como incorruptíveis. Está escrito nos anais da história, que políticos de todos os portes e plumagem, não-políticos ricos e famosos sucumbiram à sua astúcia e artimanhas da dupla.
O texto da propaganda era pronunciado pelo famoso craque da seleção brasileira de futebol, o “canhotinha” Gérson. Dizem, que daí veio a evolução do “jeitinho brasileiro” difundido no cotidiano, como a gorjeta dada ao guarda de trânsito para se livrar da multa, no furar fila nas repartições públicas e bancos, no falsificar documentos, emitir “meia-nota” fiscal, etc.
Desde os tempos do “Coronel” Sarney, por muitos anos o “manda-chuva” no Congresso Nacional, a Propina tinha presença constante nas rodas do poder público, em qualquer instância. Transitava com extrema desenvoltura em diversos setores da sociedade, a qualquer tempo. Na maioria das vezes saltava de um município a outro, em todos os Estados brasileiros em uma relação tão promíscua e deletéria, quanto inescrupulosamente descarada.
O que mudou no decorrer dos anos foi apenas a moeda e o valor representativo da Propina, conhecida vulgarmente nos velhos tempos como “molhar a mão”. Nos dias atuais, ela é fixada em percentual de grana viva, em reais ou em dólares, conforme o montante envolvido no negócio e de acordo com a preferência dos corruptos, corruptores e corruptíveis.
Ou alguém acredita que as doações em campanhas eleitorais de pessoas jurídicas não sejam uma espécie de propina antecipada? Cuja finalidade é obter benefícios em futuras negociações com os políticos eleitos? Quem não percebe que as licitações públicas, a nível municipal, estadual e federal são pré-determinadas, manipuladas e desprovidas da lisura e seriedade como manda a Lei?
O momento é oportuno para dar um basta nesse sistema, nocivo para a sociedade em geral. É hora de resgatar, como disse o procurador geral da República Rodrigo Janot, o orgulho dos brasileiros, a confiança no país. Além de recuperar para o erário público, as altas somas em dinheiro que esse pessoal desviou e roubou, um pouco de cada um das cidadãs e cidadãos brasileiros.
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