Pular para o conteúdo

O pronunciamento da presidente Dilma Roussef

Compartilhe nosso(s) artigo(s)

Não sabemos exatamente se o presidente da República escreve todos os seus discursos e pronunciamentos oficiais, ou se o texto passa por uma edição especial antes de serem levados ao ar. Verdade é que este pronunciamento da presidente, Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e TV, feito ontem (21), em virtude das manifestações populares dos últimos dias, era mais necessário. Até por uma merecida satisfação ao povo brasileiro.

Bem elaborado e transmitido com firmeza pela presidente, faz referência direta aos diversos temas dos protestos de diversos grupos que tomaram as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e muitas outras cidades Brasil afora.

A presidente disse que irá “convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos”, com base em três pontos: a) elaboração do Plano de Mobilidade Urbana, b) 100% por cento dos recursos do petróleo para a educação, c) a vinda de milhares de médicos do exterior atendimento no Sistema Único de Saúde, o SUS. 

Esclareceu ainda, que o dinheiro gasto com a construção e reformas de arenas para a Copa “é fruto de financiamento que será devidamente pago (esperamos) pelas empresas e os governos (estaduais e municipais), que estão explorando estes estádios. Entretanto, para que todos os pontos dos protestos que vimos sejam rebatidos pelo governo, depende da ações do Congresso nacional, muitas vezes corporativas e simplesmente políticas,  e das decisões conjuntas de todos os estados e municípios.

Todavia, é de fundamental importância que as pessoas entendam que qualquer projeto governamental que vise atender as necessidades da população com Educação, saúde, transporte, segurança, etc, depende da vontade de todos os poderes, em todas as esferas. Inclusive no poder privado, que não está imune, ou em muitas ocasiões é conivente com o sistema de corrupção que tanto tem prejudicado a nação. Não só nos tempos atuais, mas de longa data.

Quem sabe a partir deste ponto tudo possa realmente começar a mudar. Como democratas, torcemos para que isso saia do discurso e se torne realidade.

Confira o vídeo do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff. Transcrevo na íntegra para quem prefere a leitura. 

http://www.youtube.com/embed/XEj3UH69g5k?rel=0

“Minhas amigas e meus amigos,

Todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita
atenção, as manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa
democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.
Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer,
melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por
causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que a violência
nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande
oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a
perder.

Como presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como
dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem,
indispensáveis para a democracia.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também está
lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde
chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às
ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder
cidadão e os poderes da República.

Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo,
de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender
com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e
ordeira.

O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e
autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie
carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros
urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode manchar um
movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com essa violência que
envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm
o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e
vandalismo.

Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o
direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.

Brasileiras e brasileiros,

As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas
baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que
aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças
que beneficiem o conjunto da população brasileira.
A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos
foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser
ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência
de alguns arruaceiros.

Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não
se manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática.
Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos
públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.

Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de
qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte
público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela quer mais. E para
dar mais, as instituições e os governos devem mudar.
Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para
somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais
cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços
públicos.

O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana,
que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos
recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de
médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o
SUS.
Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os
representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos
movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas
contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua
aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do
presente.

Brasileiras e brasileiros,

Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem
nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima
de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder
econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política,
que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa
prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo
democrático. Temos de fazer um esforço para que o cidadão tenha mecanismos de
controle mais abrangentes sobre os seus representantes.

Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de combate à
corrupção. A Lei de Acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser
ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas. Ela é um
poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro
público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e
rigor.

Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto
com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas
e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses
recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários
como a Saúde e a Educação.

Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos
ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que
apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente
com a Educação.

Não posso deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a ver com a
nossa alma e o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou de todas
as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda
parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que
recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os
nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência
pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.

Minhas amigas e meus amigos,
Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que
pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou
ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça.

Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar
construindo juntos este nosso grande país.

Boa noite!”



Fonte: Portal da Copa
Imagem: reprodução/Adital

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *