Não sabemos exatamente se o presidente da República escreve todos os seus discursos e pronunciamentos oficiais, ou se o texto passa por uma edição especial antes de serem levados ao ar. Verdade é que este pronunciamento da presidente, Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e TV, feito ontem (21), em virtude das manifestações populares dos últimos dias, era mais necessário. Até por uma merecida satisfação ao povo brasileiro.
Quem sabe a partir deste ponto tudo possa realmente começar a mudar. Como democratas, torcemos para que isso saia do discurso e se torne realidade.
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“Minhas amigas e meus amigos,
Todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita
atenção, as manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa
democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.
Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer,
melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por
causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que a violência
nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande
oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a
perder.
Como presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como
dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem,
indispensáveis para a democracia.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também está
lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde
chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às
ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder
cidadão e os poderes da República.
Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo,
de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender
com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e
ordeira.
O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e
autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie
carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros
urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode manchar um
movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com essa violência que
envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm
o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e
vandalismo.
Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o
direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.
Brasileiras e brasileiros,
As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas
baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que
aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças
que beneficiem o conjunto da população brasileira.
A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos
foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser
ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência
de alguns arruaceiros.
Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não
se manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática.
Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos
públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.
Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de
qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte
público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela quer mais. E para
dar mais, as instituições e os governos devem mudar.
Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para
somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais
cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços
públicos.
O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana,
que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos
recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de
médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o
SUS.
Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os
representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos
movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas
contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua
aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do
presente.
Brasileiras e brasileiros,
Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem
nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima
de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder
econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política,
que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa
prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo
democrático. Temos de fazer um esforço para que o cidadão tenha mecanismos de
controle mais abrangentes sobre os seus representantes.
Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de combate à
corrupção. A Lei de Acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser
ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas. Ela é um
poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro
público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e
rigor.
Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto
com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas
e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses
recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários
como a Saúde e a Educação.
Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos
ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que
apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente
com a Educação.
Não posso deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a ver com a
nossa alma e o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou de todas
as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda
parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que
recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os
nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência
pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.
Minhas amigas e meus amigos,
Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que
pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou
ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça.
Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar
construindo juntos este nosso grande país.
Boa noite!”
Fonte: Portal da Copa
Imagem: reprodução/Adital

Guaraci Celso Primo é do Paraná, Sul do Brasil.
Bacharel em Administração. Ex-servidor da Previdência e ex-Banco do Brasil.
Com o propósito simples — mas essencial — de ser útil de alguma forma, Guaraci Primo apresenta neste espaço um reflexo de seus interesses e experiências. Seus gostos por literatura, cinema, futebol, humor e política, o tornaram um redator ao longo dos anos e através de suas postagens, você encontrará um mix equilibrado de opinião, informação e entretenimento, sempre ilustrado com imagens e vídeos de qualidade.
Guaraci acredita que autoaperfeiçoamento, força de vontade e motivação são pilares fundamentais para o sucesso pessoal e coletivo.
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Guaraci Primo é o criador e editor do Blog Seu Guara. Apaixonado por futebol e atento às transformações políticas e sociais do país, Guaraci iniciou o projeto em 2008 como uma forma de unir duas de suas grandes paixões: o esporte e o jornalismo.
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