comanda a publicação de Roberto Civita, disse ter feito acordo com
Marcos Valério e que, por isso, não apresentou as provas da “entrevista”
que o empresário teria concedido à revista, afirmando que Lula seria o
“chefe do mensalão” denunciado por Roberto Gurgel. Eurípedes, no
entanto, diz que ainda pode vir a apresentar suas provas, numa ameaça
velada ao ex-presidente.
Como foi dito aqui, era (e ainda é) apenas um
blefe. Veja joga truco com a democracia, mas não tem o zap.
Em sua edição 2287, de 19 de setembro de 2012, Veja vendeu ao
público uma entrevista com Marcos Valério, anunciada por seus blogueiros
como o fato político mais importante desde que Pedro Collor de Mello
concedeu entrevista gravada e filmada à revista, em 1992, abrindo o
caminho para o impeachment de seu irmão Fernando Collor.
Depois de 20 anos, na entrevista que não houve, Veja colocou as seguintes frases na boca de Marcos Valério, que, supostamente, teria falado a interlocutores próximos:
Poderia ser um caso apenas de propaganda enganosa, da revista de
Roberto Civita contra seus leitores, mas era também uma tentativa
preventiva de golpe contra Lula. A mensagem era clara: se Lula ousasse
querer voltar a participar de forma mais ativa do jogo político, seria
também alvo de uma ação criminal relacionada ao “mensalão”. Portanto,
estava em impedimento técnico.
Nos meios de comunicação, Ricardo Noblat, de O Globo, foi o primeiro a falar na existência de fitas não publicadas, em razão de um acordo de Veja
com Marcos Valério. Depois, José Roberto Guzzo, membro do Conselho
Editorial da Abril, também argumentou numa de suas colunas que Lula
tinha medo de que as “gravações” aparecessem.
Sem comentar o assunto, o ex-presidente recebeu uma nota em
solidariedade assinada por presidentes de seis partidos políticos,
denunciando a iniciativa golpista.
Aqui, no 247, desde o início da história, argumentamos que Veja não
tinha fita alguma e que apenas blefava em relação a Lula. Jogava truco,
brincando com instituições democráticas, sem ter a carta forte, o zap,
ou seja, as fitas.
No sábado, dia 27, o jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de Veja, pela primeira vez falou abertamente sobre o tema, em entrevista ao jornal O Globo. E o conteúdo é estarrecedor. Eurípedes disse que Veja
fez um acordo com Marcos Valério, que acaba de ser condenado a mais de
40 anos de prisão. E que por isso não apresenta suas evidências – que já
não são mais gravadas ou filmadas.
“Temos as provas necessárias para demonstrar que as afirmações são o
que no STF se chamaria de ‘verbis’, ou seja, transcrições ao pé da letra
do que ele disse. Marcos Valério decide se as provas serão divulgadas,
apenas porque nossa combinação com ele foi a de que se ele desmentisse a
reportagem estaria quebrando o que foi acordado e, assim, ficaríamos
dispensados de cumprir nossa parte”, disse Eurípedes, por e-mail, ao Globo.
E inacreditável, mas Eurípedes tenta convencer o Brasil do seguinte:
por uma questão de honra, um acordo no fio do bigode com Valério
(condenado a 40 anos de prisão), Veja não irá apresentar as provas que diz ter contra Lula – um personagem a quem a revista já deu provas continuadas de seu apreço.
Eurípedes, no entanto, aponta razões éticas para não quebrar seu acordo com Marcos Valério.
“O fato de um indivíduo estar condenado não dá direito ao jornalista
de, aproveitando-se de fragilidade inerente a sua situação, abusar de
sua confiança. Pessoa nessa situação merece a mesma consideração ética e
humana que ele dispensaria a celebridade ou autoridade no auge da fama
ao poder.”
O diretor de Veja, no entanto, mantém a ameaça a Lula e diz que as provas ainda podem vir a aparecer no futuro – caso seja necessário.
Assim como lá atrás, a revista continua blefando. A “entrevista” de
Valério, um golpe contra os leitores, era e continua sendo uma farsa.
Complementando.

Sobre o Fundador
Guaraci Primo é o criador e editor do Blog Seu Guara, fundado em 2008. Natural do Paraná, é bacharel em Administração e ex-servidor da Previdência Social e do Banco do Brasil.
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Guaraci acredita na comunicação como um instrumento democrático e busca oferecer um ambiente livre, acessível e plural, onde todos possam se expressar de forma civilizada e respeitosa,
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