Reportagem de Patricia Faermann, no GGN: A primeira pergunta do Jornal Nacional a Lula, na noite desta quinta-feira (25), foi sobre corrupção. A segunda e a terceira de William Bonner, apresentador do telejornal, também. E apesar de um início com expressão séria e demonstrando nervosismo do candidato à Presidência, Lula se saiu bem.
A avaliação é do jornalista Luis Nassif, do cientista político Leonardo Avritzer, da jornalista Eliara Santana e do apresentador Gustavo Conde, que analisaram a entrevista, ao vivo, no programa de Nassif e do Conde no Youtube.
Para a jornalista e linguista que estuda há anos as coberturas do Jornal Nacional, não foi surpresa o apresentador do telejornal William Bonner abrir a entrevista tratando de corrupção. Entretanto, o JN teria jogado uma espécie de lenço branco de sinal de paz ao reconhecer, ainda na primeira pergunta, que Lula foi absolvido na Justiça brasileira.
“Eu acho que foi uma sinalização muito importante. Eu já havia adiantado que isso poderia acontecer, porque afinal eles têm o cálculo político. Não é interessante para a mídia hegemônica que um cara não controlável, não é descontrolado, mas um cara não controlável como o Bolsonaro seja reeleito”, comento Eliara.
“Não que eles [a Globo] estejam preocupados, de fato, com o país, com a democracia, enfim, não é isso, mas não é interessante. Então acho que foi muito importante esse começo”, completou.
Para Luis Nassif, contudo, a insistência de Bonner, de gastar não somente uma, mas diversas perguntas sobre o mesmo tema da Lava Jato e Mensalão reforça que o programa da Rede Globo não iria se livrar tão “rapidamente” da perseguição contra Lula, no compromisso de ataques da imprensa assinado hã anos.
“Eu acho que foi muito positiva [a entrevista], mas a minha avaliação sobre a posição da Globo em relação a Lava Jato, a insistência das perguntas mostra que a Globo ficou presa, presa ao que ela armou lá atrás. Então, ela não pode pular fora rapidamente. Ela reconhece que o Lula não deve nada, mas insiste na corrupção, porque ela ficou prisioneira. É aquilo que o Lula fala na conversa com o Sergio Moro, no depoimento, ‘vocês criaram uma versão, agora vão ficar prisioneiros dessa versão’.”
Avritzer lembrou que o reforço de Lula em defender o MST foi um destaque positivo, “porque se construiu uma visão na grande mídia completamente equivocada do MST, o MST ‘é quem invade terras, cria instabilidade jurídica'” e, segundo o cientista político, “é muito importante mostrar que o MST não é isso, que o MST, é o maior produtor de diversos produtos orgânicos no país”.
A defesa do Lula, completou, é um sinal necessário “para a sua base também, porque não adianta o Lula falar para a audiência do Jornal Nacional e a militância petista ou de esquerda sair insatisfeita”. “Eu acho que ele conseguiu falar para as duas audiências: para a base dele e também para a audiência de classe média, mais conservadora.”
Para este público que assiste ao JN, Eliara concorda que Lula acertou. “Acho que ele trazer Alckmin é uma sinalização para esse eleitor médio, para essa classe média que assiste ao Jornal Nacional, que amanhã vai ter repercussão nas redes sociais, trazer essa sinalização de que ele vai trabalhar em conjunto com o Alckmin e que Alckmin importa.”
Também sobre isso, Nassif acredita que a posição de Lula sobre o MST no telejornal foi “muito importante para mostrar que ele continua fiel às suas lealdades”. “Ou seja, ele está fazendo elogios ao Alckmin, elogia o agronegócio responsável e elogia o MST.”
E ressaltou a desproporção do tom do discurso de Bonner e Renata Vasconcellos com a de Lula. “A Globo criou um personagem político imaginário que é a ‘militância’. Sempre, ela vai chegar e colocar a militância como se fosse um agente político. Agora a desproporção entre esses estereótipos da Globo e as respostas do Lula é muito grande.”
Para Conde, sem rancor com a postura do jornal de persegui-lo ao longo de todos estes anos, Lula deixou “uma marca indelével da paz” durante a sua participação no JN.
Imagem: reprodução/Campanha Lula

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