Os termos Direita e Esquerda surgiram por ocasião de um dos acontecimentos mais importantes da história da humanidade: a Revolução Francesa. Tinha como lema, “liberdade, igualdade, fraternidade”, tríade que se perpetuou na própria história das instituições democráticas. Naquela época, durante a chamada Assembleia Nacional Constituinte, se discutiam questões como o direito do veto do Rei, a criação de uma República, os privilégios do Clero e da nobreza, que eram isentos do pagamento de impostos.
Os que eram favoráveis ao elenco de mudanças radicais impostas pela Revolução, ocupavam os assentos ao lado esquerdo da Assembléia. E os que se opunham às mudanças, se colocavam ao lado direito. Era essa a primeira concepção de divisão partidária.
Com o apoio dos ideais do iluminismo contra o absolutismo, seguiram-se os desdobramentos da Revolução Francesa. Na ocasião da Assembleia, foi elaborada uma Constituição introduzida pela chamada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Esta Constituição tinha em seus principais tópicos: igualdade jurídica entre os indivíduos, fim dos privilégios do clero e nobreza, liberdade de produção e de comércio (sem a interferência do estado), proibição de greves, liberdade de crença, separação do estado da Igreja, nacionalização dos bens do clero, a criação dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
Depois da Revolução Francesa, veio um longo período em que o poder esteve nas mãos dos liberais, e a principal força da oposição era comandada pelos comunistas. Período em que convencionou-se denominar políticos liberais da situação de “direitistas”, enquanto aqueles de oposição de “esquerdistas”, em sua maioria comunistas. Mais tarde surgiriam várias ideologias políticas que ganharam o rótulo de “esquerdista” e outras de “direitistas”, além dos grupos chamados moderados que se auto-denominavam “centristas”, pois não admitiam o rótulo de esquerdista ou direitista.
Durante a guerra fria, era fácil identificar quem era de direita ou de esquerda. Os “esquerdistas” torciam pela União Soviética
enquanto os “direitistas” pelos EUA. Com a queda do Muro de Berlim que precedeu o
fim da União Soviética e da guerra fria, perdeu-se esse referencial. Conforme afirma Mário Barbosa Villas Boas em matéria publicada na página Movimento Nacionalista.
Para a filósofa, Marilena Chauí, “a mudança no modo de produção capitalista, a globalização e o fim da União
Soviética fizeram com que a esquerda ficasse num primeiro momento
paralisada. A a esquerda já foi mais rica em pensamento e agora tem de produzir um
pensamento novo, diz Chauí. A direita está cansativamente. Repete as suas próprias loas ao
neoliberalismo. Estamos precisando de pensamento, dos dois lados, conclui a filósofa.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em um artigo para a extinta revista Primeira Leitura sob o título “O que é ser de esquerda hoje?”, afirma: “Ser de esquerda é lutar contra a injustiça, pela igualdade de gênero,
pelos valores culturais, pela mobilidade da sociedade, pela
não-burocracia, pela distribuição de renda a partir da ativação da
sociedade e não das migalhas do Estado, enfim, toda a força dos direitos
humanos” (ver matéria). Mais adiante, em seu livro “A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos”, no capítulo 7, relembra o pensamento generoso dos esquerdistas com base no ideal de justiça
social e assim conclui: “Ser de esquerda é justamente ter a capacidade
de olhar para a frente, rever criticamente a história, captar o
emergente, pensar o futuro. Essa é a tarefa intelectual que nos espera.
Esse é o desafio para quem quiser ser ao mesmo tempo progressista e
contemporâneo” (Raymundo Pinto, Tribuna da Bahia).
O ex-presidente Fernando Henrique, que chegou a dizer para esquecerem o que escreveu, teve sua militância política no antigo MDB, partido de oposição, sendo portanto um “esquerdista” no início. Seguiu depois no PMDB, perdeu espaço político e ajudou a fundar o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), pelo qual chegou a presidência da República. Uma nota no tópico da Wikipédia sobre Esquerda Política, diz que existe polêmica em relação à categorização do PSDB, posto que seus defensores dizem que é um partido de centro-esquerda. Entretanto, quando no governo, FHC aplicou várias práticas neoliberais, polarizando com o PT (Partido dos Trabalhadores), seu principal opositor, o partido do PSDB passou a ser considerado por muitos como de centro-direita.
Na mesma Nota podemos verificar que atualmente, existem vários partidos de esquerda no Brasil, tais como o PT, PC do B, PCB, PDT, PSB, PSOL, PSTU, PCO, PPS, dentre outros (são mais ou menos trinta partidos devidamente legalizados no Brasil). Tendo em vista que o Governo Lula (PT) realizou alianças com diversos partidos não-esquerdistas para garantir sua governabilidade, entre eles, o PMDB, o PR (extinto PL), o PP, o PTB, o PSC, o PTC (antigo PRN, ao qual pertencia Fernando Collor de Mello quando foi eleito presidente), seus críticos mais à esquerda têm sustentado que se trata de um governo de direita ou centro-direita. É o caso do PSOL, nascido de uma dissidência com o PT por motivos de divergências de ideologia, quando este chegou ao poder através de Lula.
São classificados como esquerdaos partidos de orientação socialista, como o PT, o PC do B, o PSOL, o PDT, o PSB, o PPS, entre outros. São partidos de extrema-esquerda o PCB, o PSTU e o PCO . Já o PRB é visto como centro-esquerda, devido às suas posições mais moderadas. Não existe partido político no Brasil que se declare abertamente como de Direita. Cientistas políticos e gente do ramo, classificam como direitistas apenas dois partidos: 1- O Democratas (DEM, antigo PFL), que diga-se de passagem, era o partido do polêmico ex-senador Demóstenes Torres, principal “direitista” oposicionista do governo Lula e do atual de Dilma Rousseff, ovacionado pela mídia e seus pares como o Paladino da ética e dos bons costumes, depois revelado e condenado por CPI como um dos maiores vilões e corruptos da política atual. 2 – O Partido Progressista (PP, antigos PPB e PDS).
O tempo dispendido por mim na pesquisa sobre os termos Direita e Esquerda, obviamente foi muito pouco para se concluir a respeito do assunto. Levando em consideração a profundidade e complexidade do Tema, uma postagem sobre o assunto daria pelo menos umas quatrocentas páginas, equivalente a um livro inteiro. Entretanto, pelo que consegui apurar neste breve tempo de estudo, foi que nenhum partido governa o país sem as alianças políticas necessárias.
Então, salvo melhor juízo, o leitor há de concordar que não é fácil definir com precisão acerca dos termos. Diante das circunstâncias atuais, e dessa miscelânea de partidos políticos e suas classificações, como chegaremos a uma conclusão definitiva, se temos realmente um governo de Esquerda ou de Direita? Outro ponto interessante, diz respeito ao número muito maior dos partidos classificados como de Esquerda, centro-esquerda, esquerda radical, etc, em relação aos partidos de Direita. Partidos que no passado viviam na clandestinidade, como principais alvos da repressão do regime militar nos tempos da Ditadura, contando com o apoio da Direita.
Na verdade, a cada novo pleito eleitoral seja no âmbito municipal, estadual e federal, acirram-se as paixões partidárias e ideológicas, levando a embates infrutíferos sem produzir nenhum resultado concreto. Esquerda e Direita, continuarão a existir indefinidamente sempre dependendo uma da outra, para viabilizar a governabilidade do país.
Bem como, quer queira quer não, teremos que conviver com “esquerdistas” e “direitistas”. Que seguem como dois idiotas em uma discussão estéril, como se cada um fosse dono da verdade. Conforme narra o escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, em um artigo intitulado “Direitista e Esquerdista”, que transcrevo na íntegra na postagem seguinte.
Ainda sobre o assunto, recomendo um excelente texto que encontrei publicado no site da UFMA. Com o título “Esquerda e Direita no Brasil“.
Guaraci Celso Primo é do Paraná, Sul do Brasil.
Bacharel em Administração. Ex-servidor da Previdência e ex-Banco do Brasil.
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