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Por Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo – Como tratar as declarações escatológicas do presidente Jair Bolsonaro, que falam mais sobre sua psique do que sobre o estado do mundo? O que fazer quando o segundo filho insinua que a democracia não nos seve? E quando o terceiro desfila ostensivamente com uma arma na cintura? Tais imagens devem se publicadas?
As asneiras ditas e encenadas quase diariamente por Bolsonaro e seu entorno colocam a imprensa numa sinuca de bico. A missão do que os britânicos chama de “quality press” é dupla. Devemos, por um lado, destacar aquilo que tem interesse público, sem nos perder nas irrelevâncias típicas do reino da fofoca e menos ainda em psicoses privadas. Por outro lado, temos a obrigação de registrar os principais acontecimentos do dia, em especial os fatos que dizem respeito à política.
Nem sempre esses objetivos são compatíveis. Se os jornais estampam em suas primeiras páginas as opiniões pouco coerentes que um membro da família presidencial tem sobre a democracia, fracassam na primeira meta; se deixam de fazê-lo, malogram na segunda. É a definição clássica de dilema, em que qualquer solução adotada se mostra contraditória e insatisfatória.
O problema não é novo. O que mudou é que, por força do segundo objetivo, ficou muito mais difícil dar às bobagens a dimensão que elas mereceriam pela régua do primeiro. Enquanto Bolsonaro era apenas um deputado do baixo clero, as estultices que ele nunca deixou de proferir só ganhavam menção na imprensa quando batiam algum recorde. Agora que ele é o presidente e noticia-se até a evolução de seu trânsito intestinal, seria complicado aplicar filtros estéticos, políticos ou até civilizacionais a suas declarações.
Não importa o que a mídia decida fazer, estará traindo algum aspecto de sua missão. Erra-se um pouco menos, creio, mostrando o circo de horrores como ele é e deixando que cada leitor tire suas próprias conclusões.
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Hélio Schwartsman é jornalista, foi editor de Opinião. É autor de “Pensando Bem…”
VIA
Imagem: reprodução

Sobre o Fundador
Guaraci Primo é o criador e editor do Blog Seu Guara, fundado em 2008. Natural do Paraná, é bacharel em Administração e ex-servidor da Previdência Social e do Banco do Brasil.
Apaixonado por futebol e atento às transformações políticas e sociais do país, criou o blog como um espaço para unir informação, opinião e reflexão, sempre com responsabilidade e respeito ao leitor. Ao longo dos anos, consolidou um projeto reconhecido pela credibilidade, pelo equilíbrio editorial e pela valorização do pensamento crítico.
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