Originalmente publicado por Ion de Andrade, no GGN: Numa guerra uma das coisas mais perigosas que existe é perseguir um exército que parece estar em retirada. Em Austerlitz essa foi a perdição do Sacro Império Romano Germânico (tinha mil anos) contra Napoleão que fez crer que deixava o flanco aberto e se retirava quando isso apenas visava atrair as tropas inimigas para a derrota.
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| Imagem/reprodução/Foto: Agência Brasil |
Já uma armadilha de pegar javalis ou porcos do mato, nada mais é do que um cercado aberto no meio do qual são jogadas cenouras. Atraídos pelas cenouras o bando de javalis entra ali e, quando todos estão dentro, os portões são fechados prendendo todo o bando de uma vez.
Ora, desde o início sempre foi muito estranho que o governo não quisesse fazer uma CPMI do oito de janeiro que seria estratégica para a consolidação da democracia e para desvendar a intimidade do funcionamento da tentativa de golpe esclarecendo a rede política, financeira e militar envolvida…
Para a base mais ligada ao governo criar de maneira unilateral essa CPMI talvez fosse parecer revanchismo, sobretudo num país cuja história é de perdoar sem fazer justiça. Essa tradição, de deixar por menos, talvez não fosse gerar adesão da maioria a uma CPMI, no entanto, de importância maior para a democracia. Sem maioria, essa iniciativa estratégica pareceria motivada pela tentativa de retaliação de minoria raivosa. Isso enfraqueceria o seu significado, o alcance dos seus resultados e acabaria podendo ser danosa à própria democracia, dando aos golpistas uma espécie de prêmio de consolação e de salvo conduto para tentar de novo.
Para criá-la, portanto, incrivelmente, o mais confortável era que fosse reivindicada pelos próprios golpistas, hipótese tão absurda que exigiria boa quantidade de cenouras e uma falsa impressão de que havia um flanco desguarnecido… O incrível é que a extrema direita acreditou, absurdo dos absurdos, que tendo maioria nas duas casas, a base do governo não fosse querer uma CPMI que vai justamente botar guizo no pescoço do gato…
Era também necessário contar com a extrema burrice da extrema direita, (um pleonasmo) o que, no contexto dos fatos, mostrou-se, como podíamos prever, o menor dos problemas.
De fato, aconteceu algo que criará problemas aos historiadores para explicar: as forças mais envolvidas com a tentativa de golpe no oito de janeiro se organizaram para tornar a CPMI dessa tentativa de golpe incontrolável. O que se viu é que tão logo a CPMI se tronou irreversível, as forças leais ao governo passaram a apoiá-la, fechando as porteiras da armadilha para caititus e queixadas e conferindo à CPMI legitimidade completa e supra partidária.
Ora, é difícil acreditar na espontaneidade de uma mudança de posição tão rápida e coordenada de toda a base parlamentar de apoio ao governo como a que ocorreu. Para piorar a situação da extrema direita, o vídeo da CNN com imagens editadas do oito de janeiro, que incrivelmente tentou blindar os militares do GSI, cujos rostos aparecem velados, mas expôs o do general Gonçalves Dias, deu ainda mais força ao governo para garantir transparência total à imagens que agora são públicas.
A pergunta do milhão é: como é que se veicula um vídeo em que os culpados estão com o rosto velado numa repartição de serviço público em que todo mundo sabe quem é quem? Imaginavam que permaneceriam não identificados?
Registre-se também a falta de noção da não percepção de que aqueles criminosos que aparecem com os rostos velados atrairiam a curiosidade da justiça e dos órgãos de controle, (que agora querem saber quem é quem para punir conforme a lei). Isso é também difícil de acreditar…
Nas imagens, que a partir de agora serão veiculadas amplamente, Lula aparece, obviamente, irritadíssimo com a baderna e não é para menos!
Comprem a pipoca!
Imagem: reprodução/Foto: Agência do Brasil
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Sobre o Fundador
Guaraci Primo é o criador e editor do Blog Seu Guara, fundado em 2008. Natural do Paraná, é bacharel em Administração e ex-servidor da Previdência Social e do Banco do Brasil.
Apaixonado por futebol e atento às transformações políticas e sociais do país, criou o blog como um espaço para unir informação, opinião e reflexão, sempre com responsabilidade e respeito ao leitor. Ao longo dos anos, consolidou um projeto reconhecido pela credibilidade, pelo equilíbrio editorial e pela valorização do pensamento crítico.
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