Imperdível, a última crônica que escreveu Luís Fernando Veríssimo para o jornal O Globo. O eminente escritor fala sobre a matéria da “IstoÉ”, que relata sobre o cartel formado no Estado de São Paulo para a construção de linhas de trem e metrô sob os sucessivos governos do PSDB, e as suspeitas de propinoduto favorecendo o partido.
Verifique, à luz do texto de Veríssimo que a ganância dos poderosos não tem limites. Poucos são os homens públicos devidamente preparados para o exercício do cargo que lhes foi confiado. O que menos interessa para a maioria são dos direitos dos cidadãos. De um modo geral há um certo exagero mal intencionado em criminalizar determinados grupos, normalmente adversários políticos.
A chamada “grande mídia” desempenha papel importante neste caso. Supervaloriza o crime e o pecado de de alguns e alivia para outros. Há uma cumplicidade incestuosa que ignora conduta deletéria e irresponsável de alguns setores em associação com o poder privado. É como se a corrupção no Brasil tivesse conceitos diferentes quando praticados por este ou por aquele grupo.
Lóbi irresistível
Luís Fernando Veríssimo, O Globo
imprensa nacional. Quando li a matéria da “IstoÉ” sobre o cartel consentido
formado em São Paulo para a construção de linhas de trem e metrô sob sucessivos
governos do PSDB e as suspeitas de um propinoduto favorecendo o partido,
comentei com meus botões (que não responderam porque não falam com qualquer um):
essa história vai para o mesmo pântano silencioso que já engoliu, sem deixar
vestígios, a história do mensalão de Minas, precursor do mensalão do PT. E não é
que eu estava enganado?
Com variáveis graus de intensidade, é verdade, em relação ao tamanho do
escândalo, mas repercutindo. Viva, pois, a nossa grande imprensa. Já se começava
a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado,
definitivamente, dois sistemas métricos diferentes.
menos a propósito, li na revista “The Nation” que só a Associação de
Banqueiros Americanos tem noventa e um lobistas em Washington defendendo os
interesses dos bancos e lutando para revogar a regulamentação do setor aprovada
no Congresso, recentemente. Isto sem falar em outras associações de banqueiros e
nos próprios gigantes financeiros, como o Goldman Sachs (cinquenta e um
lobistas) e o JP Morgan (sessenta lobistas).
lobistas do sistema financeiro para cada congressista americano. Os bancos
querem derrotar a regulamentação e evitar as reformas para continuar as
práticas, vizinhas do estelionato, que provocaram a grande crise de 2008 e
continuam a lhes dar lucros obscenos enquanto o resto da economia derrapa. O
lóbi é uma atividade legítima, ou ao menos uma deformação legitimada pelo uso.
questão é saber quando a presença de mil e tantos lobistas em torno de um
Congresso deixa de ser uma pressão e se transforma num cerco. E como se pode
falar em democracia representativa quando o poder do voto é substituído pelo
poder de persuasão de seis lobistas, três em cada ouvido, prometendo
presentinhos para a patroa?
O que tudo isso tem a ver com o cartel em São
Paulo? Nada, a não ser que, talvez, sirva de consolo para quem sucumbiu ao
encanto de muito dinheiro, levado pelo lóbi mais irresistível que existe, o da
cobiça. Mesmo sendo daquele tipo de pessoa sobre o qual não se pode dizer que
também é corrupto sem ouvir um “Quem diria…”
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Imagem: reprodução/google

Guaraci Celso Primo é do Paraná, Sul do Brasil.
Bacharel em Administração. Ex-servidor da Previdência e ex-Banco do Brasil.
Com o propósito simples — mas essencial — de ser útil de alguma forma, Guaraci Primo apresenta neste espaço um reflexo de seus interesses e experiências. Seus gostos por literatura, cinema, futebol, humor e política, o tornaram um redator ao longo dos anos e através de suas postagens, você encontrará um mix equilibrado de opinião, informação e entretenimento, sempre ilustrado com imagens e vídeos de qualidade.
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