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Os desafios de Galípolo no Banco Central, por Luís Nassif

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Por Luís Nassif, no GGN: Não se espere atos heroicos de Gabriel Galípolo, na presidência do Banco Central. Sua diferença de Roberto Campos Neto ´que ele irá explorar todas as possibilidades de redução dos juros, sem afrontar as regras do mercado. Campos Neto boicotava. Deus declarações, em Nova York, que reverteu o movimento de expectativa de queda na Selic. Atropelou todas as normas de atuação do banco, por uma questão política. 

www.seuguara.com.br/Gabriel Galípolo/Banco central/desafios/

Por outro lado, os governos Lula sempre padeceram de desconfiança do mercado, levando a um grau de radicalização maior do que nos períodos anteriores, de orientação liberal. Dia desses publiquei artigo meu, de 2006, mostrando o espanto de Armínio Fraga com uma meta inflacionária extremamente rígida da parte de Lula. 

O mesmo se repetiu agora, com a meta fixada em 3%. Qualquer suspiro acima de 3% já dispara as pressões por aumento da Selic. Aliás, a quantidade de besteirol sobre a suposta gastança – especialmente nos editoriais dos jornalões – lança dúvidas sobre a inteligência da mídia corporativa.

Ontem, o editorialista da Folha celebrava o bom desempenho da balança comercial. Mas dizia que tudo poderia ser comprometido pela gastança de Lula, que poderia estimular o aumento das importações. As importações aumentam quando a economia está aquecida. Quando se tem reservas cambiais da ordem de US$ 350 bilhões, o aumento das importações deveria ser celebrado, especialmente de insumos para a indústria.

Para tentar supor a lógica de Galipolo, é importante entender quais os principais vícios do mercado atualmente: 

1. O relatório Focus

O relatório abarca as expectativas exclusivas do sistema financeiro em relação à inflação. Muitas vezes ocorrem jogadas visando aumentar as expectativas. Provavelmente Galípolo vai criar novas medidas de expectativas, captando o sentimento de outros setores da economia.

2. O método de estimar a inflação

A tal planilha do Ilan Goldfajn consiste em um conjunto de fórmulas que serve como corrida de galgo. Se aponta em uma determinada direção, imediatamente todo o mercado se articula todo na mesma direção. Ou seja, a planilha serve para homogeneizar a atuação dos agentes financeiros, ampliando as possibilidades de cartelização.

Provavelmente, Falípolo introduzirá novos métodos de estimar a inflação. 

3. O mercado de títulos públicos

Hoje em dia, a Faria Lima domina amplamente o mercado de Letras do Tesouro Nacional – que serve de parâmetro para as taxas de juros longas. É onde se dá a especulação brava, através de operações de arbitragem. 

A ideia é melhorar o grau de avaliação do país, pelas agências de risco, e convencer fundo soberanos a adquirirem pacotes de LTNs, mas para levar até o vencimento. Isso reduziria o poder de fogo do mercado para especular com o papel.

O grande desafio de Galípolo será, pouco a pouco, cumprir a missão didática de convencer parte do mercado que taxas de juros elevadas não serão a única maneira de reduzir inflação. 

Mas, antes, terá que administrar a armadilha deixada por Campos Neto, quando radicalizou as projeções sobre a Selic, amarrando seu sucessor a esse modelo, para não se enfraquecer perante o mercado.

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