Me permito lembrar dos amigos boleiros de um pequeno time campeão na modalidade. De tão unidos, eram conhecidos entre si, por apelidos. Se não me falha a memória a escalação da equipe e as características de cada um era mais ou menos a seguinte:
1 – Palanque – goleiro de extrema habilidade. Defendeu até penalti na final que garantiu o título. Chamado assim porque tinha deficiência nas saídas do gol. 2 – Sarrafo – defensor de alta estatura e muito magro, especialista em cortar bolas altas. 3 – Serraria – tinha como principal característica “limpar a área” quando o time tomava um sufoco. Lembrava o famoso “beque de serraria”, aquele que resolvia na base do chutão. 4 – Miudinho – lateral direito muito respeitado pela raça e vigor físico que demonstrava dentro de campo. 5 – Raposinha – o mais veloz do time. De baixa estatura, porém o jogador com maior espírito de luta. 6 – Goifa – O lateral possuia o chute mais potente de todos, aqueles “pombos-sem-assa” que nenhum goleiro pegava. Tinha a maior batata da perna de todos. Daí o seu apelido. Constava entre dos três maiores artilheiros da equipe. 7 – Flecha – ou “frecha”, como o chamavam seus companheiros. Conhecido também como “The Flech”. Dos seus cruzamentos nasciam a maioria dos gols. Não precisa falar por que era chamado por este apelido. 8 – Lontra – o carregador de piano, preciso no passe da bola. 9 – Sutir – apologista do futebol arte. Artilheiro numero 1 da equipe. Seu apelido fora inspirado em uma peça do vestuário feminino. O único que sabia matar corretamente a bola no peito. 10 – Bola 8 – o Rei da assistência. Toda a bola passava pelos seus pés. Um craque que construia as principais jogadas. Era assim chamado devido a sua aparência física com o Rei do futebol, Pelé.
11 – Cai-cai – canhoteiro, exímio cobrador de faltas. Parava mais no chão do que em pé. O adversário não via outra saída, senão derrubá-lo. Só assim conseguiam pará-lo. Era o gozador do grupo. Era ele que criava a maioria dos codinomes das atletas. Querido por todos por ser o mais extrovertido, porém temido pelos adversários.
O técnico era o popular e estratégico Bilo, querido e respeitado. Sabia mexer no time quando estava perdendo. Exercia grande poder de liderança perante o grupo. Até entre os reservas, titulares em todas as partidas. Eram eles: Piolho ( o que ficava sempre escondido), Urupusá (marcador implacável), Sapiranga (o coringa do time, jogava em qualquer posição), Sarará ( o pulmão de aço), Pé-de-anjo (vocação para o gol, quase sempre contundido pela sua mania de querer humilhar o adversário com dribles desconcertantes), e o por fim o Galinha prêta (explêndido meio-campista, quando dava a arrancada para o pique, saía do chão).
São muitas, as histórias dessa equipe de “várzea”, onde as partidas tinham três tempos. O terceiro, era para comemorar. Nem derrota, nem vitória. Vitoriosos e derrotados comemoravam juntos o valoroso sentimento da amizade e da confraternização.
Não pensem, as mulheres que o futebol é coisa pra homem. Exclusivo esporte pra machos. Basta lembrar que é brasileira, a maior jogadora de futebol do mundo: Martha. Consagrou-se na seleção brasileira, e seguiu brilhando em terras estrangeiras como muitos craques brasileiros que brilham nos estádios da Europa.
Enquanto por aqui nós revivemos com muita emoção, a magia do futebol arte que nasceu nos campos de várzea sem jamais se tornar um fanatismo estéril, e que produziu grande momentos de fraternidade entre os homens.
Se você é ou foi um aspirante a boleiro, ou simplesmente pertence ao rol dos amantes desta nobre e mágica arte que é o futebol, conte sua história. Faça seu comentário. Com certeza será bem recebido por todos nós.
Conheça um ponto de encontro dos amantes do futebol, e divida sua experiência nos campos de futebol.

Sobre o Fundador
Guaraci Primo é o criador e editor do Blog Seu Guara, fundado em 2008. Natural do Paraná, é bacharel em Administração e ex-servidor da Previdência Social e do Banco do Brasil.
Apaixonado por futebol e atento às transformações políticas e sociais do país, criou o blog como um espaço para unir informação, opinião e reflexão, sempre com responsabilidade e respeito ao leitor. Ao longo dos anos, consolidou um projeto reconhecido pela credibilidade, pelo equilíbrio editorial e pela valorização do pensamento crítico.
Guaraci acredita na comunicação como um instrumento democrático e busca oferecer um ambiente livre, acessível e plural, onde todos possam se expressar de forma civilizada e respeitosa,
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