A afirmação do bolsonarista, na realidade, está distorcida. As primeiras suspeitas de corrupção no MEC surgem em agosto de 2021 a partir de denúncias internas de advogados servidores da Advocacia-Geral da União que prestavam consultoria jurídica ao ministério.
Algumas destas suspeitas, na época, vazaram para a imprensa e, a partir delas, novos escândalos foram sendo revelados. A CGU só encaminhou denúncia à PF e ao Ministério Público após sete meses do início da apuração preliminar em meio a avalanche de divulgações de suspeitas envolvendo Ribeiro e os pastores. Ribeiro, por sua vez, manteve íntima relação com os pastores mesmo após as primeiras divulgações. Na ocasião, chegou a dizer que manteve as agendas para ‘não levantar suspeitas’. Versão desmentida por registros dos próprios encontros do ex-ministro com os lobistas.
“Tem outro fato: se estão presos por suspeita de corrupção, cada os prefeitos? Não tem prefeito suspeito? Corromperam quem? A PF não pediu a prisão de prefeitos, como que é isso? Estranho não é?”, questiona em seguida o pastor em defesa de Milton.
Apesar de fazer a defesa, o líder religioso tratou também de desvincular seu nome ao de Ribeiro e Gilmar Santos, o pastor preso na operação desta quarta-feira suspeito de organizar o esquema de propina com verbas da Educação. Conforme defendeu no vídeo, ele e a bancada evangélica, a qual é ligado, não teriam qualquer ligação com a indicação do ex-ministro para o cargo.
“Se tem alguém que tem moral pra falar do assunto sou eu. Eu pedi investigação profunda na época. Eu pedi junto da bancada evangélica o afastamento do ministro para se apurar profundamente”, disse logo no início da publicação.
Mais adiante então reforça: “Nem Damares [Alves] nem Milton foram indicações de pastores evangélicos ou da bancada evangélica. Foi do próprio presidente. Nós denunciamos e nós queremos investigação séria, doa a quem doer.”
Malafaia, um dos mais influentes conselheiros de Jair Bolsonaro, aproveitou ainda a publicação desta quarta-feira para defender seu aliado. Segundo disse no vídeo, o presidente, apesar de ser o responsável pela indicação de Ribeiro e apontado no áudio do ministro como fiador do esquema de propinas no MEC, não poderia ser classificado como corrupto. Para defender o ex-capitão, proferiu diversos ataques ao PT, ao ex-presidente Lula e à imprensa brasileira.
“Querer comparar corrupção de governo Lula com governo Bolsonaro só pode ser piada. Olha o jornalismo bandido e sectário, sete matérias n’O Globo sobre o assunto. A cereja do bolo: Bolsonaro perde o discurso de combate à corrupção. Só pode ser brincadeira!”, vociferou.
“Bolsonaro está envolvido em que? Foi incriminado em que?”, questionou após os ataques a Lula.
Imagem: reprodução
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[Milton Ribeiro deixa carceragem da PF: “O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro deixou a carceragem da Polícia Federal de São Paulo, na zona oeste da cidade, na tarde desta quinta-feira (23). O pastor foi solto por volta das 15h, após a decisão do desembargador Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que ordenou a soltura dele e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.” (…)]
[Evangélicos se descolam de Milton Ribeiro e seguem na defesa de Bolsonaro: “A bancada evangélica quer isolar politicamente a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana, e dos pastores-lobistas Arilton Moura e Gilmar Santos, da Assembleia de Deus Cristo Para Todos. Aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, a Frente Parlamentar Evangélica admite o desgaste que o escândalo traz para a campanha à reeleição. Seus integrantes se dizem “constrangidos” com o caso protagonizado por evangélicos, mas pretendem manter o apoio a Bolsonaro e ajudar na reação do Planalto, temerosos com a repercussão negativa entre os fiéis.” (…)]
[Delegado aponta ‘interferência’ no caso Milton Ribeiro, e PF manda abrir apuração interna: “(…) Na nota, a PF não esclarece o que seria a “possível interferência.
“Considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos”, diz o texto da nota.”
“Mas, em mensagem interna a colegas da PF, o delegado Bruno Callandrini disse que houve “decisão superior” para que Ribeiro não fosse transferido para Brasília, conforme determinação judicial emitida quarta-feira por um juiz federal. A TV Globo teve acesso à mensagem (leia a íntegra mais abaixo), depois de o jornal “Folha de S.Paulo” ter publicado a informação.”]
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Guaraci Celso Primo é do Paraná, Sul do Brasil.
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