A presidenta Dilma Rousseff quebrou seu silêncio de muitos dias e fez seu primeiro discurso depois da posse. O pronunciamento se deu na primeira reunião oficial com os 39 ministros nomeados para seu segundo mandado. “A minha primeira recomendação para vocês [ministros] é trabalhar muito para que nós possamos dar sequência ao projeto político que implantamos desde 2003, e que sabemos que o Brasil mudou para muito melhor”, disse a presidenta, que começou o discurso falando sobre os ajustes econômicos no Brasil.
“Dilma Rousseff, com aparente irritação na primeira reunião ministerial de seu segundo mandato, mostrou seu ânimo com aqueles que não querem exatamente atrapalhar o governo, mas, sim, prejudicar o país. A presidente solicitou aos ministros que não se omitam em responder aos que mentem e comprometem o desenvolvimento brasileiro, com uso de insídias e mentiras, como as adotadas ultimamente pelos derrotados pela maioria do povo brasileiro — que acreditam, inclusive, como porta-vozes da desgraça, serem os verdadeiros vitoriosos. Já dizia um ministro de Estado que, aos derrotados, as batatas.
Defendendo a continuidade do projeto iniciado em 2003, com destaque a medidas já anunciadas e às que devem ser oficializadas ainda neste semestre, a presidente chamou os ministros a enfrentar o desconhecimento e a desinformação, e não permitir que a falsa versão criminosa se crie e se alastre. “Reajam”, pediu, sobre a necessidade de não deixar dúvidas. “Respondam em alto e bom som”, completou.
Dilma fez questão de defender a maior empresa brasileira, a Petrobras. Afirmou, não apenas insinuou, que a estatal vem sofrendo com uma campanha sórdida contra os interesses nacionais — porque a Petrobras representa o que há de mais importante para o desenvolvimento do país. Reafirmou sua postura de combate à corrupção e impunidade. Alertou que se trata da empresa mais estratégica para o país, que precisa passar por este processo sem ficar enfraquecida ou perder importância.
Existe uma coincidência — que a presidente não mencionou, mas lembramos. Como um delinquente delator, que já tinha feito acordo de delação premiada em outro momento, acusado de corrupção ativa, pode ser o mesmo homem que vem agora prestar serviço e mostrar ligações com empresários tão importantes? Quem pode, em sã consciência, acreditar duas vezes no tal delinquente, como fizeram? Essa coincidência não pode deixar de criar dúvidas sobre a verdadeira razão da corrupção na Petrobras. Os empreiteiros são sempre os mesmos. Os trombadinhas, talvez sem realmente entender mas impulsionados pelo desejo de enriquecimento, se transformaram em instrumentos daqueles cujo objetivo claro é jogar contra o interesse nacional. O que é estranho é que o mesmo alavancador da corrupção já tenha prestado esse serviço em outra roubalheira do passado. Como pode um ladrão servir em dois momentos seguidos a homens inteligentes, em empreendimentos de bilhões de dólares?
Não pode haver coincidência. Houve, sem dúvida, uma tentativa de desmontar o país, pois a Petrobras é o Brasil. E sobre isso, a presidente Dilma tratou de destacar nesta primeira reunião com os ministros do segundo mandato, quando lembrou que toda vez que tentaram, no próprio país, desprestigiar o capital nacional, estavam tentando, na verdade, diminuir a sua independência e a sua concorrência, o que não podemos deixar que ocorra. É preciso punir o crime sem destruir as empresas, públicas e privadas — as pessoas têm que ser punidas, não as empresas, ela disse. Os empresários corruptores envolvidos nesses crimes é que deveriam perder patrimônio e liberdade. Até agora, quem está sendo punido são os empregados desses empresários, levando famílias à miséria.
A presidente informou que serão encaminhadas ao Congresso medidas para transformar em crime e punir com rigor agentes públicos que não demonstrem a origem de seus ganhos, incluir na legislação eleitoral como crime a prática de Caixa 2 e determinar o confisco de bens adquiridos de forma ilícita, além de alterar a legislação para apressar julgamentos relacionados a desvio de recursos públicos contra os que foram privilegiados com a prática.
Dilma também demonstrou sua vontade em permitir que a economia do país caminhe como tem que caminhar, e indicou apoio total às decisões da área econômica do governo. Os ajustes, disse, são necessários para ampliar as oportunidades e preservar conquistas sociais e econômicas. Apontou medidas em relação ao aumento da receita e ao esforço para cortar gastos, “vamos fazer mais gastando menos”, e indicou que o reequilíbrio fiscal será realizado de forma gradual.
Tocou também em assuntos importantes, como já era esperado, como a crise da água, destacando o trabalho em parceria com governos estaduais. Pediu aos ministros que compartilhem com ela a responsabilidade de dar sequência ao projeto político iniciado em 2003, com ajustes e reformulações, para ampliar as oportunidades e manter o rumo da economia, com prioridade absoluta para o investimento em educação, em um governo de continuidade, mas também de mudanças, como a desburocratização de processos entre empresas e pessoas com o governo.
Dilma fez um discurso que o Brasil tinha certeza que ela faria. Se demorou, não tem importância, veio no momento que deveria chegar. Momento este que coincide com a abertura dos trabalhos legislativos e que permite uma reflexão dos congressistas brasileiros, de que o tom do governo foi dado e que o Congresso não pode, novamente, servir como um poder em que o povo não acredita. Seria o fim da democracia.”
Guaraci Celso Primo é do Paraná, Sul do Brasil.
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