O presidente Jair Bolsonaro acostumou-se a criar factoides para abafar escândalos e omissões do governo. Foi assim nos casos da “rachadinhas”, dos depósitos bancários feitos por Fabrício Queiroz, da mansão adquirida por Flávio Bolsonaro, do esquema de corrupção no Ministério da Saúde, da cobrança de propinas por pastores que tinham “gabinete paralelo” no Ministério da Educação, entre tantos outros.
No momento em a imagem do Brasil sangra na esteira do assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, o governo retomou a cantilena envolvendo as eleições de outubro e as urnas eletrônicas. Assim é possível criar uma cortina de fumaça para tentar mandar a segundo plano o caso Bruno e Dom.
Ataques ao sistema eleitoral e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (TSE) e do Tribunal Eleitoral (TSE) tornaram-se rotina, mas crescem em quantidade e conteúdo à medida que aumenta o desespero de Bolsonaro diante de uma quase irreversível derrota. Outro tema que tem sido usado pelos palacianos para distrair a opinião pública é a polêmica sobre os preços dos combustíveis e a guerra contra a Petrobras.
Nesta segunda-feira (20), o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, escalou o general Heber Portella para participar da reunião virtual sobre transparência eleitoral. Portella, quer permaneceu calado o tempo todo, sequer abriu a câmera do computador para participar do encontro, um desrespeito aos outros participantes. O general, que dedica sabujice nauseante a Bolsonaro, pode não ter acompanhado a reunião entre a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) e o Observatório de Transparência das Eleições (OTE).
Em ofício enviado ao presidente do TSE, ministro Luiz Edson Fachin, em 10 de junho, o ministro Paulo Sérgio afirmou que os militares não se sentem devidamente prestigiados nas discussões sobre o sistema eleitoral.
A manifestação do ministro da Defesa, que encampou o discurso golpista do presidente da República, foi uma resposta ao documento no qual os técnicos do TSE apontam erros dos militares nos cálculos sobre risco de inconformidade em testes de integridade das urnas e confundiram “conceitos” sobre o sistema eletrônico de votação.
Ao expor os erros, o TSE, no entendimento dos militares, causou desconforto nas Forças Armadas. Aliados de Paulo Sérgio consideram que o documento da Corte eleitoral ridicularizou a equipe de defesa cibernética militar, comanda pelo general Heber Portella.
Ao Ministério da Defesa não cabe dar palpite no processo eleitoral nem no sistema de votação. O erro maior foi cometido pelo ministro Luís Roberto Barroso (STF), então presidente do TSE, que para evitar polêmicas decidiu convidar as Forças Armadas para participar do projeto de transparência eleitoral. Golpistas devem ser tratados como tal, não como democratas.
O silêncio deselegante do general Heber Portella pode ter sido proposital, pois o ministro da Defesa insiste em uma reunião entre os técnicos da pasta e integrantes do TSE. Paulo Sérgio de Oliveira quer um encontro reservado, talvez para intimidar os servidores do TSE.
Nos artigos 118 e 119, a Constituição Federal de 1988 é clara ao definir as competências e obrigações da Justiça Eleitoral, não cabendo a militares subservientes ecoar as ameaças de Bolsonaro à democracia.
Sendo assim, em vez de querer imiscuir no processo eleitoral o ministro Paulo Sérgio de Oliveira deveria se preocupar com a defesa da soberania da porção brasileira da Amazônia, que com a aquiescência do presidente da República foi tomada pelo crime organizado.
Originalmente publicado por Redação Ucho.Info
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