A rápida e surpreendente reforma ministerial cercou-se de muitas dúvidas. Seria mas um loteamento de cargos destinados ao Centrão? Ou estaria Bolsonaro, também buscando nomes de figuras que possam confirmar e sejam convenientes com seus discursos frente às instituições? De acordo com cientistas políticos, ouvidos pelo portal IG, Bolsonaro está dando “uma no cravo, outra na ferradura”, promovendo mudanças tão diferentes nos ministérios.
“A primeira é o pagamento de uma fatura ao Centrão, com a demissão de Araújo do Itamaraty e com a entrega da Secretaria do Governo à deputada Flávia Arruda. Ele está envolvendo o apoio que está sendo cobrado em alto e bom som pelo Congresso.”, explica Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper.
A segunda natureza, que diz respeito às trocas no ‘núcleo duro’ da segurança e da Justiça, poder ter razões mais ‘obscuras’, segundo Consentino. A realocação de Braga Netto na Defesa, por exemplo, pode representar a vontade do presidente de ter na pasta um general com ideias alinhadas às suas ameaças institucionais.
São mudanças sensíveis em pastas relacionadas a militares e à Justiça. Sobretudo na Defesa, Bolsonaro queria alguém de maior alinhamento, e o general Azevedo e Silva, que ocupava o cargo, não queria admitir que as Forças Armadas fossem usadas de alguma forma mais privativa, que dessem amparo a ceras declarações mais firmes, com aquela do Bolsonaro sobre o estado de sítio. A dúvida que fica é se isso é uma busca por fortalecimento para enfrentamento das instituições ou se ele apenas quer que pareça isso, para aplacar um pouco da decepção da sua base social com relação ao quanto ele cedeu ao Centrão”, avalia Consentino.
Na opinião de Bruno Silva, cientista político e pesquisador do Laboratório de Política e Governo (UNESP), “a dança das cadeiras promovida por Bolsonaro busca tanto atender interesses de seus aliados políticos do Centrão, como também tentar se blindar em áreas nas quais sabe que a maneira como se comporta exige aliados de primeira ordem”.
“A Secretaria de Governo da Presidência da República é uma demanda do Centrão. Passa a ser de Flávia Arruda (PL-DF), aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ela esteve com ele em sua campanha para a presidência e, ao que tudo indica, Lira quer alguém no cargo para acompanhar os passos do presidente”.
Além da nomeação da deputada e da demissão de Araújo como aceno ao Centrão, o governo estaria, nas palavras do cientista político, “tentando lidar com algo que sempre teve dificuldade: coordenar as ações interministeriais de modo a fazer crer que ainda é um governo e não um amontoado de cargos distribuídos e sem conexão entre si”.
Bruno Silva vê a mudança na Justiça como uma tentativa de prestigiar seus aliados mais próximos, já que o delegado da PF Anderson Gustavo Torres [nomeado na troca dos 6 ministérios, para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública], é próximo da família do presidente e já havia tido seu nome ventilado na ocasião da saída do ex-ministro Sergio Moro.
“Na ‘caixinha’ do rearranjo ministerial, Bolsonaro optou trocar algumas peças já presentes em seu governo para acomodar certos interesses pessoais. A saída de André Mendonça do Ministério da Justiça e o seu retorno para a AGU demonstra que Bolsonaro deseja ter um aliado de primeira ordem à frente do órgão estratégico responsável por defender o governo juridicamente”, diz Bruno Silva.
“As demais movimentações, que envolvem o núcleo duro de proximidade de Bolsonaro aos militares sinalizam o rearranjo das peças em postos estratégicos. Bolsonaro necessita, na Defesa, de uma figura de muita confiança em um momento no qual vem sempre fazendo referência às Forças Armadas; a Casa Civil, ou a antessala da presidência, continua tendo alguém de sua confiança. Se Lira tem Flávia Arruda na cadeira ao lado do presidente, Bolsonaro continua a ter um braço direito olhando para ambos.”
(Informações de Carlos Eduardo Vasconcellos, no Último Segundo)
Imagem: reprodução/G1
[Flávia Arruda, nova Secretária de Governo, esteve envolvida no “Mensalão do DEM” com o marido, José Roberto Arruda: “Na estridente reforma ministerial desta segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro trocou seis de sues ministros. justiça, Casa Civil, Advocacia-Geral da União, Defesa, Relações Exteriores e Secretaria de Governo. Por mais barulho que faça a queda de Ernesto Araújo ou a troca de figurinhas entre os ministros militares, a troca mais significativa aconteceu na Secretaria de Governo.
(…)
Nas trocas envolvendo os militares, a palavra é fidelidade. Mais do que competência, ficou quem jurou bolsonarismo convicto.
(…)
Restou a Secretaria de Governo. O cargo não tem status de ministério nem nome pomposo, mas é fundamental para o presidente. O incumbente do posto é o responsável por fazer a articulação entre os ministérios e, principalmente, cuidar da relação com o Congresso e, claro, lotear as verbas parlamentares no Orçamento.”]
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